Os desafios
colocados à escola, hoje, não podem assentar na intuição e na boa vontade; a educação e formação de adultos ao longo da vida exige um investimento sério por parte dos agentes e das instâncias governamentais.
Importa, contudo, referir, recordando Habermas, que não é com irrupções do
“mundo dos sistemas” que damos sentido ao “mundo da vida” e comprometemos os
seus atores. O compromisso ético para com a profissão que abraçamos escolher
dá-se com-preendendo o horizonte de
sentido do que queremos ser enquanto instituição situada.
Qual é o traço que nos distingue e
confere um rosto único e com-sentido?
Vendo-nos ao espelho,
reconhecemo-nos nos gestos e atitudes?
Somos uma soma de indivíduos
(agregado escolar contabilizado pelo SIGO, SIIFSE, MISI@...) ou uma comunidade
educativa, comprometida, capaz de acolher o outro,
de assumir a responsabilidade na construção de um futuro mais humano?
E agora… vêm-me à mente as palavras:
acreditamos nisto?
Tal como no mito de Pandora, pese
embora todos os males que assolam a humanidade, e a Escola em particular,
existe um segredo bem guardado no interior da caixa e nos faz experimentar a
alegria do dever cumprido (que se vai cumprindo…).
Os adultos com quem contactamos
diariamente testemunham a importância que os processos de aprendizagem passaram
a ter nas suas vidas (Processo RVCC, Cursos EFA, Formações Modulares
Certificadas), e como ficaram impregnados pelo projeto de uma aprendizagem
construída ao longo da vida. Afinal, aprender, com efeito, compensa.
Os filhos que percorreram com eles
este caminho, para além de terem construído laços de proximidade e confiança,
quando alunos, passam a ver a escola com outros olhos – deram-se passos de
justiça social dando espaço à “educação como um tesouro a descobrir”.
O trabalho das equipas técnico-pedagógicas contribuiu para desocultar
o rosto da pessoa, cada vez mais consciente dos talentos próprios, das
potencialidades criativas, do seu dever de contribuir pelo desenvolvimento
coletivo.
Precisamos de colocar a Educação ao Longo da Vida no coração da
Sociedade. Este projeto recebe a sua inspiração no Relatório para a UNESCO
da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI e no qual se
refere os quatro pilares considerados como as bases da Educação:
1. Aprender a Conhecer – “combinando uma cultura geral,
suficientemente vasta (…) significa aprender a aprender de modo aos
adultos poderem beneficiar das oportunidades que a educação ao longo da vida
oferece”.
2. Aprender a Fazer – “adquirindo não só uma formação profissional
qualificante mas, sobretudo, competências que o tornem apto a enfrentar
desafios e a trabalhar em equipa”.
3. Aprender a Viver Juntos – “desenvolvendo a compreensão do outro
e a percepção de como estamos interligados (interdependentes) uns com outros…
Precisamos, cada vez mais de valorizar o trabalho em pequenas “comunidades de
investigação” onde os conflitos podem ser um motor impulsionador de
conhecimento, de razões para construir a Paz e a Esperança.
4. Aprender a Ser – “Para desenvolver a sua personalidade, de modo
a agir com maior capacidade de autonomia, de discernimento e de
responsabilidade social, sem descurar a compreensão integral do indivíduo: a
sua memória, capacidade de raciocínio, desenvolvimento do sentido estético,
capacidades físicas, aptidões comunicativas e relacionais.”
Há ainda outro repto para o horizonte de 2020… privilegiar a dimensão
subjetiva do ato de aprender; como refere Roberto Carneiro, fazer da vida a
sede e a narrativa da aprendizagem, numa triangulação:
- da dimensão da participação social e democrática;
- do desenvolvimento pessoal e cultural;
- da empregabilidade.
Um Novo Ano, Nova Esperança, Novos Projetos... e a certeza de que a Iniciativa Novas Oportunidades tem sido uma autêntica possibilidade para todos aqueles que, com brio e empenho, têm construído percursos qualificantes idóneos, sustentados na aprendizagem e na valorização dum papel interventivo na vida pessoal, social, profissional...
Votos de sucessos pessoais e profissionais!
Pela Equipa Técnico-Pedagógica
Maria Teresa da Costa Almeida
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